burro

Janeiro 21, 2009

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só no final quando os tempos eram calmos
a anedótica derrota de ser sempre o mesmo
e dos medos que afinal são sãos desejos
se inverte a cisma do burro… e trota
idiota em sentido contrário ao olvido_
não sabe o pobre coitado que da memória
só insistência e castigo, jamais glória!?

Ni Dilli

Setembro 20, 2008

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Mais informação:

http://documentacao.wordpress.com/

exercício libertação

Julho 2, 2008

(à procura do meio)

bravos sinais que previram a falha
de palavras sapientes agora cristais
avanço inerente mas vago e latente
no sol eminente no fio da navalha

são motor oleado, engenhos vitais
do corpo cansado e contudo valente

Maré

Junho 26, 2008

I.

Senti uma náusea quando passava na cidade
alguns passos faziam-me querer não ser –
nunca somos o que gostaríamos ao ver
que o caminho sem querer se percorreu.
Onde está onde íamos? Que se perdeu?
Fechar as portas da percepção é escusado
falta o cheiro teu e a força da vontade
que o valor da acção nem mesmo inebriado…

Quando pensei que o corpo era de novo meu
e que a liberdade me fora afinal devolvida,
nada do que dei era real neste apogeu.
Esta ilusão restituída é vã maldade
de algum destino que banal inacreditado
se fez valer da falta e da vaidade.
Perdendo o balanço vital da descida
onde procurar o sentido que se perdeu?

Prendi a ré a saudade na força das velas
que da borrasca só me evitaram a deriva,
a tinta são as sequelas que o vento respira
quando olho em segredo a marca indistinta.
Sinto ainda na pele o sabor da saliva
o brilho insolúvel no rasgo das telas
e o calor que arrasto e afasto e transpira
são faixa essencial que evita que minta.

II.

No trilho forçado que se abre e desdobra
chega efusiva e sem espera uma vaga
e é tal o silêncio que em vácuo me afoga.
Quando a rua sentiu no meu passo a vitória
e das janelas a reprova esquiva do olhar –
não sei se o que digo é verdade e se vibra –
mas esta calma que é nova e tem glória
alerta atrevida: tudo pode falhar!

Mas não é condição suficiente esta prova
que da estrada e do pó me faça atalhar
porque a traça é já pedra cinzelada,
vício de estar, a acção cansa e agrada.
Escavo à força a crosta grossa da cova
e consciente do percurso posso voltar,
não são definidas as vias da emoção
que enfiem definitivas raízes no chão.

Na casa onde fica escondido o casulo
ficam também os tesouros nas frestas,
coisas de ti e de ti que acumulo –
não olho não quero perdido no mundo.
Sei que há tempo na volta para festas
mas agora no vento e sem norte à deriva
é deixar que o sol lime as falsas arestas
que o couro aguenta… são partes da vida.

mistério

Maio 29, 2008

trilho urgente
mãos ao ar! forquilha ao peito

grelo valente
cava, à força a terra cede

ano carente
aperta a mágoa afia o dente

lua parente
do filho o sal o mar o bebe

instinta

Março 25, 2008

dscf6787.jpg

na.inaudita.confusão.organizada
sinto.que.o.que.não.cabe.faz.parte
e.que.a.dita.falta.é.algodão
na.rijeza.do.som.ao.contar-te

não.me.faz.confusão.a.aspereza
do.dizer-te.omnisciente
que.a.aflita.inconsciência
é.inexperiente.inconsciente

podes.drogar-te.ou.deitar-te
que.o.que.conta.é.rogar-te
e.é.na.instinta.afluente
que.vou.lá.fora.esperar-te

se a banda passar

Março 24, 2008

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pedem-me seriedade no discurso
que a que trago e como a uso
não me serve nem ao mundo

estantes que preencho a medo
não vá quem sabe tece-las azedo
vazias errantes e frias no fundo

se ela passar não saio do quarto
que aqui não há marca nem pesar_
Do amor não lhe quero o canto

tou assente na via da palavra
mas será que ausente no tempo
do verbo? ao menos na estrada_

pateo

Fevereiro 16, 2008

partida lagarta fugida

Fevereiro 9, 2008

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Já no vento a falta corta a carne
nas mãos o tremor anuncia o tempo,
da angústia a carta incita amor.
Que alento nos vãos, que marca
previa já morta a gente?

Força cisão de olhar viciado
no impulso futuro em meditar
que a herança é rio em curso
e esgar suado a desaguar,
triste auguro, urgente mar.

tom do tem par me

Fevereiro 5, 2008

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o que há de tão evasivo no tom que empregas tão directo?
quando desempregas a ferros estes dias tão severos
comedido na gestão dos sentidos que deviam ser berros
que tens tão interrogativo que não consigo ser pedra
nem aceito tempo perdido na distância segura da terra?
tapo os buracos para ver se veda o fluxo e dura o tempo em queda…
devo redimir-me se o que feito foi consciente?

corte

Fevereiro 5, 2008

e agora espero sem saber porquê
que o que fazes é sempre mistério
e se os mortos não vão ser vistos, onde me levas?
em rotinas que só num dia quente e previsto
junto à água corrente esquecidos do tempo
se não espraiado em relva quente, onde me levas?
que a pergunta esquecida não foi submissão
mas ânsia aparente de astuta razão
se não agarrado ao sol contigo, onde me levas?
que o tempo já vai fugido
degraus e pernas
abraços e penas

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só no nó do pé se lê bem

Dezembro 4, 2007

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não consigo não sentir-me (só) sentir-me só
a casa já parece ter ruído
atravesso paredes supero o ruído ruído
que os sons também estão partidos
partido sei bem estou partido para longe
para lá do olvido quecido esquecido
onde vão quem vem?

terei adormecido?

idade da água

Novembro 16, 2007

as correias

Novembro 16, 2007

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das três correias que seguram o bote
duas são de areia e uma não pode
a deriva escorreita dos vales de chumbo
a alegria que estreita aparece sem fundo

ouram seixos arquivos do mundo
cerzido de freixos cercado de fungo
ardido por cem queimado por mil
no leito funil coado e senil
deitado no bote só fode quem pode

não há erro

Novembro 16, 2007

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muda e calada escreve a pena sem parar no dilema que se augura fértil. calmo inerte que se despede, carne trémula num corpo distraído – constrangido impede o que passados construíra. mas não há ira que desperte na emoção certa que moldou. poderia ter evitado o que degustado se esgotou?

é tido verdade, acabou.

e entre o tempo que passou, a vontade que desperta aventura o rasgo nervoso. na espera parece mal, o copo expectante sorve-se lento, até que o que vem mostre que vale.

já lá vem. seguro ou igual?